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O Poder do Briefing Jurídico (Com Modelo)

Foto do escritor: Ana Beatriz Araújo CerqueiraAna Beatriz Araújo Cerqueira

Atualizado: 17 de nov. de 2024

Você já pegou um caso no escritório e, ao começar a trabalhar nele, percebeu que não tem a menor ideia do que foi decidido, do que foi discutido anteriormente ou, muitas vezes, nem sabe exatamente quem é o cliente?


Essa falta de informações claras no início de um processo é um dos maiores desafios na rotina de um advogado. Em vez de começar a trabalhar de forma estruturada, você perde tempo descobrindo o básico, e isso pode levar a retrabalho, frustração e até mesmo comprometer o sucesso do caso.


Mas e se existisse uma forma de organizar todas essas informações de maneira clara e estratégica, desde o começo?


O briefing é um documento (ou reunião) que organiza e transmite informações de forma clara e estratégica.



O briefing tem suas origens no meio militar, onde surgiu como uma ferramenta indispensável para alinhar estratégias e transmitir ordens de forma clara e objetiva. Em um cenário de guerra, onde decisões rápidas e precisas eram cruciais, os comandantes utilizavam briefings para comunicar objetivos, dividir responsabilidades e antecipar riscos.


Essa prática foi tão eficaz que acabou sendo incorporada por diversas áreas civis, como publicidade, design e tecnologia, e agora inspira até mesmo o universo jurídico, trazendo a mesma clareza e foco estratégico para a advocacia.


Hoje, o briefing é uma ferramenta essencial para alinhar expectativas e direcionar trabalhos em muitas áreas, como por exemplo:


  • Publicidade: Agências usam briefings para criar campanhas impactantes com base nas necessidades do cliente.

  • Design: Designers recebem briefings para entender o objetivo de uma peça visual, como um logo ou site.

  • Cinema e TV: Diretores e produtores fazem briefings para organizar cenas, temas e cronogramas.

  • Tecnologia: Times de TI recebem briefings detalhados para criar aplicativos ou solucionar problemas técnicos.

  • Arquitetura: Um briefing orienta o arquiteto sobre o que o cliente deseja (estilo, orçamento, necessidades).


E no direito?

Apesar de não ser chamado diretamente de "briefing", advogados também utilizam ferramentas parecidas:

  • Consultas com clientes: Quando o advogado coleta informações sobre o problema jurídico para definir a melhor estratégia.

  • Reuniões com equipes: Para alinhar prazos, atribuições e objetivos do caso.

  • Planos de defesa: Ao organizar os argumentos e provas necessárias para uma audiência ou negociação.

Assim como em outras áreas, o briefing jurídico deve ser claro, conciso e bem estruturado.


Por que advogados devem dominar o conceito de briefing?

  • Para evitar retrabalho causado por falta de informações ou desalinhamento.

  • Para economizar tempo ao identificar rapidamente os pontos-chave de um caso.

  • Para melhorar a comunicação com o cliente, gerando mais confiança e entendimento.


Lições de Outros Setores


  1. Publicidade (David Ogilvy): Simplifique e inspire

    Publicitários sabem que excesso de informação confunde. Ogilvy dizia que um bom briefing entrega uma ideia clara e contextualizada.

    • Na advocacia: Simplifique os documentos para que o cliente entenda e confie no que está sendo feito.


  2. Arquitetura (Timothy Foster): Alinhe expectativas

    Antes de projetar uma casa, o arquiteto garante que entendeu o que o cliente precisa. Foster vê o briefing como um "contrato de entendimento".

    • Na advocacia: Explique os limites do trabalho e os riscos do caso desde o início.


  3. Tecnologia (Paul Arden): Defina objetivos claros

    Em projetos de tecnologia, sem um briefing claro, os desenvolvedores podem criar algo que não atende às necessidades. Arden defende que "um briefing ruim gera resultados ruins."

    • Na advocacia: Estabeleça qual o resultado esperado – acordo, sentença favorável ou cumprimento de uma meta interna.


Exemplo Prático no Direito


Imagine que você foi contratado para cuidar de um caso de indenização por danos morais e materiais decorrente de um acidente de trânsito:


  • Sem briefing: O cliente traz informações soltas, sem clareza sobre o que ele realmente espera – um acordo rápido ou ir até o fim do litígio? Os detalhes importantes, como o orçamento do conserto do carro ou o impacto psicológico sofrido, aparecem de forma desconexa, e você perde tempo tentando organizar tudo ou refazendo peças.


  • Com briefing: Você coleta as informações essenciais desde o início – quem são as partes, os documentos disponíveis, os danos causados e os objetivos do cliente. Com um plano claro e estruturado, você otimiza o tempo e aumenta as chances de sucesso.


Para ajudar nesse processo, preparamos um modelo de briefing jurídico adaptado para casos de indenização cível.


Ele guia você na organização de informações fundamentais, no alinhamento de expectativas com o cliente e na definição de uma estratégia vencedora.


Confira e transforme a forma como você lida com casos complexos!


Modelo de Briefing Jurídico para Caso de Indenização Cível


1. Identificação do Caso

  • Cliente: João da Silva

  • Número do Processo: 1234567-89.2024.8.13.0000

  • Natureza do Caso: Indenização por danos morais e materiais decorrentes de acidente de trânsito.


2. Objetivo do Caso

  • Principal: Obter a condenação do réu ao pagamento de indenização por danos morais (R$ 20.000,00) e materiais (R$ 10.000,00).

  • Secundário: Promover a composição amigável, se possível, para evitar custos e prolongamento do litígio.


3. Contextualização e Fatos Relevantes

  • Data do fato: 10/01/2024

  • Local: Avenida Central, Uberlândia - MG

  • Resumo do ocorrido:

    • Cliente estava dirigindo em velocidade permitida quando foi atingido por um veículo que avançou o sinal vermelho.

    • Réu estava alcoolizado, conforme registro no boletim de ocorrência.

    • Cliente sofreu prejuízo financeiro (reparação do veículo, despesas médicas) e impacto emocional significativo.


4. Documentos e Provas Disponíveis

  • Boletim de Ocorrência

  • Orçamento do conserto do veículo

  • Notas fiscais de despesas médicas

  • Laudo psicológico sobre o impacto emocional

  • Testemunha: Maria dos Santos (passageira no veículo do cliente)


5. Pontos Críticos e Riscos

  • Pontos favoráveis:

    • Boletim confirma culpa do réu.

    • Provas materiais robustas.

  • Riscos:

    • Réu pode alegar culpa concorrente.

    • Dificuldade em mensurar danos morais.


6. Estratégia Jurídica

  • Passo 1: Análise detalhada das provas para reforçar a responsabilidade do réu.

  • Passo 2: Propor acordo em audiência inicial, com base nos valores pleiteados.

  • Passo 3: Preparar argumentos sólidos para combater eventual alegação de culpa concorrente.


7. Cronograma do Caso

  • 20/11/2024: Apresentação da inicial.

  • 05/01/2025: Primeira audiência de conciliação.

  • 10/02/2025: Prazo para apresentação de réplica.


8. Expectativa de Resultado

  • Resultado provável: Decisão favorável com indenização parcial ou total dos valores pleiteados.

  • Expectativa de duração: 6 meses a 1 ano, considerando a complexidade moderada do caso.


9. Próximos Passos

  • Reunir assinaturas nos documentos necessários.

  • Confirmar disponibilidade da testemunha para audiência.

  • Preparar cálculos atualizados das despesas materiais


-


Bom, é isso!


Se arquitetos, publicitários e desenvolvedores conseguem transformar briefings em resultados extraordinários, por que não aplicar a mesma lógica no direito?


Organize as informações, alinhe expectativas e veja a diferença no impacto do seu trabalho jurídico.


Gostou da ideia? Compartilhe e ajude outros advogados a transformarem suas práticas!

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Ana Beatriz

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PERGUNTAS FREQUENTES

Fundamentos do Visual Law e Legal Design

  1. O que é Legal Design e Visual Law?
    Legal Design e Visual Law são metodologias que unem Direito, design e tecnologia para criar documentos jurídicos mais claros, visuais e acessíveis.

  2. Qual a diferença entre Legal Design e Visual Law?
    Enquanto o Legal Design foca na experiência do usuário ao interagir com soluções jurídicas, o Visual Law aplica elementos visuais para tornar documentos legais mais atraentes e compreensíveis.

  3. Como o Visual Law é aplicado em petições?
    No Visual Law, petições incluem gráficos, fluxogramas e elementos visuais que explicam argumentos de forma clara e estratégica, melhorando a comunicação com juízes e partes envolvidas. Você pode encontrar templates prontos no Legal Design Movement.

  4. Quais são os exemplos de Visual Law na prática?
    Contratos com ícones explicativos, petições com infográficos, manuais jurídicos interativos e apresentações visuais de cláusulas contratuais. Baixe modelos gratuitos no Legal Design Movement.

  5. Documentos em Visual Law são aceitos pelos tribunais?
    Sim, respeitendo os requisitos formais exigidos pelo tribunal e melhorem a comunicação do caso.

Ferramentas e Recursos para Visual Law

  1. Como criar petições em Visual Law no Word?
    Você pode usar ferramentas do Word, como gráficos, SmartArt e tabelas, para estruturar informações visuais. No Legal Design Movement, você encontra templates prontos para Word que facilitam o processo.

  2. Existe um kit ou pacote de Visual Law para iniciantes?
    Sim, no Legal Design Movement, oferecemos um conjunto completo de templates gratuitos em Word, Canva e PowerPoint.

  3. Quais são as melhores ferramentas para Visual Law?
    Além do Word, ferramentas como Canva, Figma e Adobe Illustrator são populares. No Legal Design Movement, há materiais gratuitos para iniciar o aprendizado.

  4. Como o Canva pode ser usado no Legal Design?
    O Canva é ideal para criar documentos visuais com facilidade. No Legal Design Movement, você pode baixar templates personalizáveis para começar.

  5. Posso criar documentos jurídicos visuais sem conhecimentos de design?
    Com ferramentas amigáveis e templates prontos disponíveis no Legal Design Movement, é possível criar documentos visuais eficazes, mesmo sem experiência.

Educação e Cursos

  1. Onde encontrar cursos de Legal Design e Visual Law?
    Além de instituições como Bits Academy e Future Law, o Legal Design Movement oferece recursos e materiais introdutórios.

  2. Existe algum curso gratuito de Legal Design?
    Sim, o Legal Design Movement oferece conteúdo gratuito, incluindo templates e guias práticos.

  3. Curso de Legal Design vale a pena?
    Sim, alguns cursos ensinam habilidades práticas que ajudam a melhorar a comunicação jurídica e aumentar a eficiência.

  4. Quais são os melhores cursos online de Visual Law?
    Future Law e Bits Academy são referências. No Legal Design Movement, você encontra materiais que complementam o aprendizado. Outros blogs, como Bernardo Azevedo são boas fontes de atualização.

  5. É possível aprender Legal Design sozinho?
    Sim, com recursos online, vídeos no YouTube e o suporte do Legal Design Movement, é possível começar a explorar o tema.

Casos e Aplicações Práticas

  1. Como o CNJ utiliza Visual Law em processos?
    O CNJ aplica Visual Law para simplificar dados estatísticos, apresentar relatórios e melhorar a transparência na comunicação com a sociedade.

  2. O Visual Law pode ser usado em processos administrativos?
    Sim, é amplamente utilizado por órgãos como a AGU para criar documentos acessíveis e claros.

  3. Quais são os principais documentos criados com Visual Law?
    Petições, contratos, manuais de compliance e relatórios jurídicos estão entre os documentos mais comuns. Veja exemplos no Legal Design Movement.

  4. Como o Visual Law ajuda advogados?
    O Visual Law melhora a comunicação, economiza tempo e torna documentos mais persuasivos e impactantes.

Inovação no Direito

  1. O que significa Visual Law?
    Visual Law é a aplicação de elementos visuais no Direito para tornar informações legais mais acessíveis e fáceis de entender.

  2. Por que Legal Design está em alta?
    Com a digitalização e o foco no usuário, o Legal Design se tornou uma ferramenta essencial para inovar e melhorar a eficiência no Direito.

  3. Como o Design Thinking é aplicado no contexto jurídico?
    O Design Thinking ajuda a criar soluções centradas no cliente, como contratos claros e processos simplificados.

  4. Quais são os desafios de implementar Visual Law?
    Os desafios incluem resistências culturais no setor jurídico, a necessidade de aprendizado de ferramentas e a adequação às normas formais.

  5. O Visual Law pode transformar o futuro do Direito?
    Sim, ele tem potencial para democratizar o acesso à justiça, melhorar a eficiência e aproximar os profissionais do Direito das necessidades da sociedade.

© 2021 por Ana Beatriz Cerqueira. Uberlândia/MG. 

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