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Incoterms: Exemplo de Legal Design que Simplifica o Comércio Internacional

Foto do escritor: Ana Beatriz Araújo CerqueiraAna Beatriz Araújo Cerqueira

Quando pensamos em Legal Design, muitos o associam a algo moderno, recente, e até revolucionário. Mas um dos exemplos mais clássicos e úteis dessa abordagem está em um contrato que já existe há quase um século: os Incoterms.


Criados em 1936 pela Câmara de Comércio Internacional, os Incoterms são um verdadeiro ícone de simplicidade e funcionalidade no comércio internacional, e um exemplo perfeito de como o design da informação jurídica pode impactar uma indústria gigantesca.



Incoterms Legal Design

Imagine um navio gigantesco partindo do porto de Santos, carregado de mercadorias destinadas a diferentes partes do mundo. Pense em tudo o que acontece antes desse navio zarpar: negociação entre vendedor e comprador, embalagem e transporte até o porto, taxas de exportação, seguro de carga, inspeções alfandegárias. Assim que a embarcação chega ao destino, começa uma nova etapa de operações — descarregamento, transporte interno e entrega ao cliente final.


Cada uma dessas etapas envolve custos, responsabilidades e riscos, que precisam ser distribuídos entre as partes de forma justa e clara. E, em um cenário de comércio globalizado, com diferenças de idioma, cultura e práticas comerciais, isso poderia se tornar um caos absoluto.


É nesse contexto que entram os Incoterms, um conjunto de regras criadas para simplificar e padronizar as relações comerciais. Eles são usados para determinar, por exemplo:


  • Quem paga o frete?

  • Quem arca com o seguro?

  • Em que ponto da viagem o risco da mercadoria deixa de ser do vendedor e passa a ser do comprador?


Os Incoterms são como a "cola" que une as peças do comércio internacional, ajudando a evitar mal-entendidos e disputas.


Incoterms Legal Design

Os Incoterms: Simples, mas Geniais

Os Incoterms não são exatamente "cláusulas contratuais", mas regras padronizadas que definem obrigações, custos e riscos entre vendedor e comprador em transações comerciais. O segredo por trás de sua longevidade e sucesso está na sua estrutura de informação impecável:


  1. Simplicidade sem perder a precisão: Cada termo é composto por apenas três letras (como FOB, CIF, ou DAP) e um conjunto claro de definições. Isso reduz drasticamente o risco de interpretações ambíguas.

  2. Representação visual eficiente: Os Incoterms são frequentemente acompanhados por diagramas que mostram exatamente onde começam e terminam as responsabilidades de cada parte. Esses gráficos traduzem questões complexas em imagens intuitivas.

  3. Neutralidade linguística: Em um cenário global, onde barreiras linguísticas podem causar confusão, os Incoterms transcendem idiomas e culturas, funcionando como uma linguagem universal no comércio.


A fórmula mágica por trás dos Incoterms


Os Incoterms são muito mais do que regras para o comércio internacional. Eles carregam um padrão universal que pode ser aplicado a diversos contextos e estudado como um caso exemplar de design de sistemas. Aqui está o porquê de eles terem se tornado um sucesso global:

Padronização com flexibilidade

Os Incoterms oferecem um conjunto fechado de opções, mas essas opções são suficientemente abrangentes para atender às necessidades de diferentes tipos de transações. Esse equilíbrio entre limitação controlada (apenas 11 termos principais) e adaptabilidade ao contexto é uma das chaves do seu sucesso.


  • Lição: Padrões bem-sucedidos limitam a complexidade, mas sem sacrificar a aplicabilidade. Eles criam um "campo de jogo" uniforme, onde as regras são claras, mas a aplicação pode variar conforme necessário.

Clareza Estrutural e Visual

Os Incoterms não apenas dizem o que deve ser feito, mas também deixam claro quem deve fazer e quando. Sua estrutura organiza informações de maneira linear e lógica:


  • Início: Quem arca com o transporte inicial?

  • Meio: Quem assume os riscos durante o trajeto?

  • Fim: Quem é responsável pela entrega final e taxas locais?


Além disso, os diagramas que acompanham os Incoterms traduzem informações abstratas em visualizações claras, eliminando mal-entendidos mesmo entre pessoas com diferentes níveis de conhecimento técnico.


  • Lição: Visualizações bem-feitas transformam conceitos complexos em algo intuitivo. Quando a forma complementa o conteúdo, a comunicação se torna universal.


Foco na Experiência do Usuário

Ao invés de um contrato tradicional cheio de cláusulas e detalhes, os Incoterms foram projetados para serem usados por não-especialistas. Eles priorizam a experiência de quem negocia, operando como uma "ferramenta" prática e não como um fardo jurídico.


  • Lição: Um bom sistema jurídico ou contratual deve ser utilizável até por aqueles que não têm formação na área. Quando projetamos pensando no usuário final, criamos soluções duradouras.


A verdadeira mágica dos Incoterms está em três princípios de design que se repetem:


  1. Simplicidade: Eles reduzem um problema complexo a elementos essenciais, sem sacrificar a profundidade necessária. Essa simplicidade é complementada pela capacidade de ser facilmente representado graficamente, o que transforma as regras em algo intuitivo e acessível.


  2. Neutralidade: Evitam nuances culturais e linguísticas, criando um padrão acessível e inclusivo. Isso é reforçado pela sua capacidade de ser graficizado de forma clara e universal, superando barreiras linguísticas e garantindo entendimento global.


  3. Usabilidade: São ferramentas funcionais, pensadas para quem precisa delas no dia a dia, desde advogados até operadores logísticos. A possibilidade de ser representado visualmente permite que sejam facilmente compreendidos, mesmo por aqueles sem formação jurídica ou experiência técnica, tornando-os ainda mais acessíveis e práticos.


Esses princípios, amplamente estudados no campo do design, são a razão pela qual os Incoterms não apenas sobreviveram, mas prosperaram por quase um século!


Pensando os Incoterms como um paradigma de Design de Contratos


Incoterms Legal Design

Os Incoterms são mais do que um conjunto de regras para o comércio internacional — eles podem ser vistos como um exemplo de como criar estruturas jurídicas eficientes e eficazes. Quando pensamos nos Incoterms de forma abstrata, podemos perceber que sua estrutura vai além da aplicação ao comércio exterior. Ela se traduz em um modelo de design de contrato que podemos aplicar ao nosso trabalho como operadores do direito.


Ao analisar a forma como os Incoterms simplificam complexidades, dividindo responsabilidades de maneira clara e objetiva, podemos extrair lições valiosas para a elaboração de contratos no direito. Em vez de criar cláusulas longas e densas, podemos buscar a clareza e a funcionalidade que permitem que as partes envolvidas em um contrato compreendam de imediato suas obrigações, custos e riscos.


Essa estruturação — que começa com uma definição clara das responsabilidades, passa pela organização visual intuitiva e termina com uma aplicação pragmática — é algo que podemos adotar ao desenhar contratos no contexto jurídico. Seja no contexto empresarial, no direito contratual ou mesmo em litígios, a lógica dos Incoterms nos ensina a dividir os contratos em partes funcionais, mantendo a clareza sem perder a profundidade necessária.


Lembre-se de que um contrato eficiente não precisa ser uma obra-prima literária. Ele pode ser uma ferramenta simples, acessível e funcional — exatamente como os Incoterms.


Pensar dessa forma nos permite criar documentos legais que são não apenas formas de formalizar acordos, mas sim ferramentas práticas e poderosas que podem melhorar a experiência de todas as partes envolvidas.

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Ana Beatriz

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PERGUNTAS FREQUENTES

Fundamentos do Visual Law e Legal Design

  1. O que é Legal Design e Visual Law?
    Legal Design e Visual Law são metodologias que unem Direito, design e tecnologia para criar documentos jurídicos mais claros, visuais e acessíveis.

  2. Qual a diferença entre Legal Design e Visual Law?
    Enquanto o Legal Design foca na experiência do usuário ao interagir com soluções jurídicas, o Visual Law aplica elementos visuais para tornar documentos legais mais atraentes e compreensíveis.

  3. Como o Visual Law é aplicado em petições?
    No Visual Law, petições incluem gráficos, fluxogramas e elementos visuais que explicam argumentos de forma clara e estratégica, melhorando a comunicação com juízes e partes envolvidas. Você pode encontrar templates prontos no Legal Design Movement.

  4. Quais são os exemplos de Visual Law na prática?
    Contratos com ícones explicativos, petições com infográficos, manuais jurídicos interativos e apresentações visuais de cláusulas contratuais. Baixe modelos gratuitos no Legal Design Movement.

  5. Documentos em Visual Law são aceitos pelos tribunais?
    Sim, respeitendo os requisitos formais exigidos pelo tribunal e melhorem a comunicação do caso.

Ferramentas e Recursos para Visual Law

  1. Como criar petições em Visual Law no Word?
    Você pode usar ferramentas do Word, como gráficos, SmartArt e tabelas, para estruturar informações visuais. No Legal Design Movement, você encontra templates prontos para Word que facilitam o processo.

  2. Existe um kit ou pacote de Visual Law para iniciantes?
    Sim, no Legal Design Movement, oferecemos um conjunto completo de templates gratuitos em Word, Canva e PowerPoint.

  3. Quais são as melhores ferramentas para Visual Law?
    Além do Word, ferramentas como Canva, Figma e Adobe Illustrator são populares. No Legal Design Movement, há materiais gratuitos para iniciar o aprendizado.

  4. Como o Canva pode ser usado no Legal Design?
    O Canva é ideal para criar documentos visuais com facilidade. No Legal Design Movement, você pode baixar templates personalizáveis para começar.

  5. Posso criar documentos jurídicos visuais sem conhecimentos de design?
    Com ferramentas amigáveis e templates prontos disponíveis no Legal Design Movement, é possível criar documentos visuais eficazes, mesmo sem experiência.

Educação e Cursos

  1. Onde encontrar cursos de Legal Design e Visual Law?
    Além de instituições como Bits Academy e Future Law, o Legal Design Movement oferece recursos e materiais introdutórios.

  2. Existe algum curso gratuito de Legal Design?
    Sim, o Legal Design Movement oferece conteúdo gratuito, incluindo templates e guias práticos.

  3. Curso de Legal Design vale a pena?
    Sim, alguns cursos ensinam habilidades práticas que ajudam a melhorar a comunicação jurídica e aumentar a eficiência.

  4. Quais são os melhores cursos online de Visual Law?
    Future Law e Bits Academy são referências. No Legal Design Movement, você encontra materiais que complementam o aprendizado. Outros blogs, como Bernardo Azevedo são boas fontes de atualização.

  5. É possível aprender Legal Design sozinho?
    Sim, com recursos online, vídeos no YouTube e o suporte do Legal Design Movement, é possível começar a explorar o tema.

Casos e Aplicações Práticas

  1. Como o CNJ utiliza Visual Law em processos?
    O CNJ aplica Visual Law para simplificar dados estatísticos, apresentar relatórios e melhorar a transparência na comunicação com a sociedade.

  2. O Visual Law pode ser usado em processos administrativos?
    Sim, é amplamente utilizado por órgãos como a AGU para criar documentos acessíveis e claros.

  3. Quais são os principais documentos criados com Visual Law?
    Petições, contratos, manuais de compliance e relatórios jurídicos estão entre os documentos mais comuns. Veja exemplos no Legal Design Movement.

  4. Como o Visual Law ajuda advogados?
    O Visual Law melhora a comunicação, economiza tempo e torna documentos mais persuasivos e impactantes.

Inovação no Direito

  1. O que significa Visual Law?
    Visual Law é a aplicação de elementos visuais no Direito para tornar informações legais mais acessíveis e fáceis de entender.

  2. Por que Legal Design está em alta?
    Com a digitalização e o foco no usuário, o Legal Design se tornou uma ferramenta essencial para inovar e melhorar a eficiência no Direito.

  3. Como o Design Thinking é aplicado no contexto jurídico?
    O Design Thinking ajuda a criar soluções centradas no cliente, como contratos claros e processos simplificados.

  4. Quais são os desafios de implementar Visual Law?
    Os desafios incluem resistências culturais no setor jurídico, a necessidade de aprendizado de ferramentas e a adequação às normas formais.

  5. O Visual Law pode transformar o futuro do Direito?
    Sim, ele tem potencial para democratizar o acesso à justiça, melhorar a eficiência e aproximar os profissionais do Direito das necessidades da sociedade.

© 2021 por Ana Beatriz Cerqueira. Uberlândia/MG. 

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